Apesar do peso descomunal que o futebol ocupa em múltiplos espaços da vida cotidiana, econômica, política e cultural das sociedades latinoamericanas, só nos últimos vinte anos pode falar-se da invenção de um campo de estudos relativamente autônomo nas ciências sociais de América Latina. Desde os trabalhos fundadores de Roberto DaMatta e Eduardo Archetti, os pesquisadores do continente produziram cada vez mais estudos sistemáticos, desde relações interdisciplinares (a antropologia, a sociologia, os estudos culturais, as análises da mídia, a história) que permitem analisar como o esporte-espetáculo atua como espaço público no processo de construção de identidades sociais e culturais diversas (regionais, locais, nacionais e pós-nacionais; genéricas, de classe; fanáticos ou desportistas). Como se expressa no futebol uma identidade como equatoriano, como homem ou como trabalhador? Que significa ser “torcedor aficcionado” de determinado clube? Que significa ser jogador de uma seleção nacional? Ou inclusive, como se deve atuar um cidadão de um país em ocasião de uma partida da própria seleção?
Os artigos apresentados pelos membros do Grupo de Trabalho sobre Esporte e Sociedade de CLACSO procuram responder a questões deste tipo a partir de diversos palcos nacionais: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, Uruguai. Cada um destes estudos constitui uma peça de um quebra-cabeça de duas caras: por um lado, contribuem a problematizar e conhecer o processo de formação de identidades e imaginários em cada um de nossos países; pelo outro, contribuem um conhecimento de base para realizar estudos comparados sobre o papel do futebol na formação de identidades na América Latina.
