Em 1974, o brasileiro João Havelange foi alçado à presidência da FIFA numa eleição em dois turnos contra o então presidente da entidade, Stanley Rous. Construindo uma aliança com os países do denominado Terceiro Mundo – Ásia, Oriente Médio e África —, a vitória do dirigente brasileiro causou espanto na imprensa internacional da época. Na narrativa do dirigente, a campanha é descrita como uma odisseia particular na qual o protagonista cruza dois terços do mundo na tentativa de angariar votos e desafiar o status quo institucional da entidade. Defende-se que esta eleição pode ser pensada como um evento histórico dotado de significação social. Aqui, a eleição se configura como uma janela política a partir da qual se radiografa a dinâmica internacional em um dado momento da Guerra Fria, em particular, a compreensão dos limites e das possibilidades da agência de países periféricos neste momento. O papel ativo que o Estado civil-militar e segmentos da sociedade civil brasileira detiveram na arquitetura da campanha indica a existência de um projeto político em torno da candidatura. Nesta trilha, este trabalho busca compreender quais os atores sociais envolvidos, como se deu o processo de formação das redes e que agentes políticos estiveram diretamente envolvidos na campanha.
Palavras-chave: João Havelange. FIFA. Guerra Fria. Ditadura Civil-Militar. Desenvolvimento.