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O atleta de Jah

José Paulo Florenzano 14 de fevereiro de 2019

No dia 7 de agosto de 1971 tinha início o Campeonato Nacional, reunindo vinte clubes provenientes dos mais diversos estados do Brasil. As duas vagas destinadas a Pernambuco haviam sido preenchidas pelo campeão do torneio estadual e por uma equipe convidada pela CBD, respectivamente, Santa Cruz e Sport. Para o Náutico, excluído da competição recém-criada, coube o desafio de sobreviver ao longo do segundo semestre com uma agenda constituída por torneios sem valor simbólico e amistosos de âmbito regional. Os anos de hegemonia do alvirrubro tinham ficado irremediavelmente para trás, período de glória consubstanciado na série de conquistas dos anos sessenta, dentre as quais se destacavam o campeonato da Taça Brasil em 1967, o tricampeonato do Nordeste em 1965, 1966 e 1967 e o hexacampeonato de Pernambuco, entre 1963 a 1968. A partir daí, no entanto, começaram os resultados adversos em campo, a necessidade de renovação do time, a falta de recursos no clube, com as arquibancadas vazias e os salários atrasados[1]. Diante de um quadro que se afigurava bastante adverso do ponto de vista técnico e financeiro, a diretoria decidiu apostar todas as fichas no trabalho de reformulação do elenco, utilizando como referência as “pratas da casa”.

Desse modo, em agosto de 1971, a diretoria nomeava para o cargo de treinador um jovem profissional que se destacara no cenário local dirigindo os juvenis das equipes rivais do Sport e do Santa Cruz. Preparador físico, e major do Exército, Nelson Lucena abraçou com unhas e dentes a oportunidade que o Clube Capibaribe lhe oferecia, almejando se firmar no exercício da profissão[2]. Sem cobranças nem pressões excessivas, ele se pôs a organizar a equipe e a testar os atletas durante as partidas disputadas no transcorrer do segundo semestre. Em meados de outubro, seguindo o planejamento delineado pela diretoria, o Náutico se encontrava em Belém para a realização de mais um jogo amistoso, quando, de repente, a imprensa pernambucana foi surpreendida com a notícia de que a agremiação da Avenida Rosa e Silva empreenderia uma excursão através do Caribe, aventurando-se por um circuito futebolístico pouco explorado pelos clubes brasileiros.

Iniciada, a rigor, na capital do Suriname, a excursão pelo desconhecido universo do futebol caribenho seguiria por Trinidad Tobago, depois Haiti e finalmente Jamaica, computando-se ao todo nove jogos. Em Kingston os alvirrubros efetuaram dois encontros com equipes da ilha: no primeiro, vitória pelo placar mínimo; no segundo, empate sem abertura de contagem[3]. Se não houve gols neste último confronto, em compensação, teve muita confusão desencadeada a partir do momento em que o centroavante local, Allan Cole, e o zagueiro do Náutico, Ubirajara, trocaram socos e pontapés, recebendo ambos o cartão vermelho. O público, no entanto, mostrar-se-ia inconformado com a expulsão do principal ídolo do futebol jamaicano, conforme relato do treinador Nelson Lucena, colhido posteriormente pelo Diário de Pernambuco:

Àquela altura estávamos todos juntos, numa das barras, enquanto as garrafas dos torcedores e as bombas de gás dos policiais cruzavam o campo.[4]

Acuados pela fúria das arquibancadas e pressionados pelo temor dos dirigentes locais, os atletas do Náutico e o árbitro da partida não encontraram outra saída senão aquiescer com a volta de Allan Cole ao gramado: “O juiz teve que mandar chamá-lo” nos vestiários, lembrava Ubirajara, “e autorizá-lo a continuar jogando para que a partida tivesse prosseguimento”[5]. Dessa maneira, o Caribe dava a sua inestimável contribuição ao realismo fantástico que envolvia o futebol praticado na América Latina, reeditando o célebre episódio de 1968, em Bogotá, quando Pelé, ao reclamar do gol supostamente irregular da Seleção Olímpica da Colômbia, foi expulso pelo árbitro da partida, decisão revertida, no entanto, pela “insistência do público”[6].  

Allan Cole no Náutico. Foto: Reprodução.

A despeito do desentendimento verificado na Jamaica, o balanço final da excursão revelava-se extremamente positivo para os dirigentes pernambucanos, fosse pelo desempenho da jovem equipe nos confrontos travados contra os adversários, fosse pelo lucro auferido a cada jogo, cerca de oitocentos dólares líquidos com direito a “hotéis e aviões de primeira”[7]. Persuadida de que estava na rota certa para recolocar o Náutico no primeiro plano do futebol estadual, e contabilizando os dividendos econômicos proporcionados pela viagem ao Exterior, a delegação tomou o caminho de volta a Recife, aterrissando na terça-feira, 23 de novembro, no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Os repórteres que desde as primeiras horas da manhã se achavam a postos para registrar o retorno dos timbus, depararam-se, no entanto, com uma inesperada surpresa: “A novidade no desembarque dos jogadores” – frisava o Diário de Pernambuco – foi a presença de Allan Cole, ou seja, do pivô da confusão no amistoso em Kingston[8].

Ainda no Aeroporto Internacional dos Guararapes, Nelson Lucena tratava de esclarecer a imprensa a respeito da presença do “tipo exótico” na delegação do alvirrubro[9]. O atleta, explicava o treinador, tinha um bom cabeceio, chutava firme e com os dois pés. Além disso, dava velocidade à bola, fazendo o jogo fluir com rapidez, razões mais do que suficientes para convidá-lo a realizar uma experiência no futebol brasileiro. Não havia nada de concreto, acrescentava, era preciso submetê-lo ao menos a um teste no Recife e, depois, caso o atacante aprovasse, discutir as bases contratuais. De qualquer forma, o fato de não ter que pagar nada pelo seu passe, uma vez que na Jamaica a prática esportiva ainda era amadora, facilitava a negociação e tornava possível a realização do acordo. A imprensa colhia com avidez as informações, esbarrando no obstáculo que a língua inglesa representava para extrair do próprio atleta todos os pormenores que lhe interessavam a fim de compor o retrato da inusitada personagem. Allan Cole não falava uma palavra de português, apenas “arranhava” o espanhol e o diálogo com os jornalistas se dava através do diretor de Patrimônio do Náutico, Reinaldo Alves, designado para a função de intérprete.

As dificuldades iniciais de comunicação, no entanto, não impediram que a notícia da presença de um “tipo exótico” no clube Capibaribe se espalhasse como rastilho de pólvora pela cidade do Recife. Já por ocasião do treino programado para o Estádio dos Aflitos, na quarta-feira, Allan Cole se achava convertido no centro de todas as atenções: “Havia muita gente para vê-lo”, registrava o setorista do Diário de Pernambuco. À distância, observando a intensa movimentação suscitada pelo atacante jamaicano, os dirigentes do Náutico faziam contas para a partida amistosa contra o Sport, agendada para o domingo, e apostavam alto: “vai dar uma boa renda, pois o rapaz é mesmo atração”[10]. Não obstante, assim como o reggae não se constituía em “um som dócil, fácil de capturar e reproduzir em cativeiro”, como a princípio imaginaram as multinacionais da indústria fonográfica, também o futebol rastafári não se deixava domesticar e inserir sem atritos ou resistências na engrenagem montada nos aparelhos de produção dos clubes[11].

De fato, a condição de “jogador-compositor” que a imprensa reconhecera de imediato a Allan Cole causava estranhamento e suscitava o desafio de decifrar a figura híbrida que ele representava ao amalgamar aspectos que o processo de normalização em curso no futebol brasileiro situava em campos opostos e antagônicos. Compreenda-se: aceitava-se de bom grado que um atleta se exibisse tocando um pandeiro, cantarolando uma canção ou dedilhando as cordas de um violão, como, aliás, ocorria amiúde com Pelé. A cena não causava estranhamento à medida que se enquadrava no momento de lazer dos futebolistas, simples passatempo utilizado para preencher o vazio das horas de concentração, ou, ainda, forma consagrada de extravasar a alegria e celebrar a vitória nos vestiários. O caso de Allan Cole, no entanto, afigurava-se diverso. Ele era anunciado na condição de atleta de futebol e autor de “sucesso” musical na Jamaica e nos Estados Unidos. As perguntas da imprensa questionavam-no a propósito desta dupla identidade, interpelavam-no acerca do dilema que ela representava, exigindo do forasteiro uma definição.

Mesmo levando-se em conta as distorções provocadas por uma interlocução cheia de ruídos e erros de tradução, a resposta do atacante jamaicano nos indica uma visão do futebol inteiramente desconcertante à luz do senso comum. Consoante o registro feito pelo Diário de Pernambuco, Allan Cole argumentava gostar tanto da sua metade jogador quanto da sua metade compositor, considerando “difícil desvincular-se de uma das duas coisas que existem nele”[12]. As palavras do jogador-compositor, qual o poema de Ferreira Gullar, soavam como notas dissonantes na partitura orquestrada pelos juízes da normalidade, impondo-lhes a difícil tarefa de traduzir uma parte na noutra parte. De fato, na configuração do futebol-força, os processos convergentes envolvendo a disciplina militar, a medicalização da existência e o excesso atlético compunham a norma do profissional especializado, fixando os atributos pelos quais nos habituamos a reconhecê-lo com a aura de evidência que o define e protege de qualquer interrogação crítica.

Ora, a figura excêntrica de Allan Cole colocava em questão a identidade fixada para o atleta profissional, à medida que o subtraía da malha militar-médica-moral tecida pelo dispositivo de poder para reinseri-lo em uma configuração na qual os nexos com a música, a religião e a arte projetavam no gramado de jogo um novo sujeito histórico, forjado, no entanto, na longa tradição de autonomia do futebol-arte.

De fato, o atacante jamaicano desembarcara no Recife manifestando aberta admiração pela “maneira dos brasileiros trabalharem a bola”, habilidade técnica refletida tanto na dimensão individual do drible quanto no plano coletivo do passe[13]. Esta escola de futebol interligava várias gerações de atletas comprometidos com os ensinamentos adquiridos nas ruas de terra, nos campos de várzea ou nas areias de praia, isto é, nas salas de aula onde as lições eram ministradas pelos mais velhos, incorporadas pelos mais jovens e compartilhadas por todos os que interagiam na construção conjunta de um jogo que entrelaçava prazer lúdico, saber prático e talento político. O cabedal de conhecimentos, técnicas e experiências adquiridos nas diversas matrizes futebolísticas pelas quais transitavam os futuros atletas, a despeito da intervenção pedagógica dos especialistas do corpo e da alma, mantinha-se na atividade profissional em que se viam posteriormente lançados[14]. A relação com a bola, em especial, convertia-se em um ponto estratégico na luta de resistência contra o empobrecimento das técnicas corporais promovida nos centros de treinamento dos clubes, no contexto da militarização.

O músico jamaicano Bob Marley jogando futebol. Allan Cole e Marley eram amigos.

Vejamos alguns exemplos. Paulo César Lima confessava-se incapaz de duas coisas: “machucar a bola ou agredir um irmãozinho”[15]. Joel Camargo, na mesma linha de raciocínio, criticava os jogadores que tratavam “a bola como se fosse lixo”[16]. Domingos da Guia, por sua vez, relembrava a intimidade adquirida com o instrumento de trabalho para declarar, com orgulho: “Também nunca dei bico”[17]. Não obstante certa idealização, estas declarações remetem à tradição de autonomia à qual Allan Cole aludia em sua chegada ao Recife. Não lhe ocorria, porém, imaginar que o futebol-arte estivesse naquele momento passando por uma profunda transformação. Com efeito, o processo da militarização do campo esportivo, impulsionado, paradoxalmente, pela conquista do tricampeonato, implicava a inclusão na comissão técnica de profissionais oriundos da caserna e a adoção do treinamento em dois períodos como forma de assegurar ao elenco o condicionamento necessário. A “preparação física” – advertia o major Nelson Lucena – representava doravante sessenta por cento da formação de uma “grande equipe”[18].

O exercício da profissão via-se, assim, submetido a outro crivo valorativo. Agora, ao invés de privilegiar o trabalho com a bola, a ênfase incidia no trabalho sobre o corpo, investido pelos mecanismos de poder que buscavam majorar as forças individuais em termos de massa muscular, resistência física e velocidade atlética. Ora, à luz do modelo que se tornava hegemônico, não admira que Allan Cole emergisse aos olhos da imprensa local como uma “figura realmente curiosa”[19]. Misto de jogador de futebol e autor de “american music”, ele situava o futebol no espaço de uma utopia lúdica onde as fronteiras que separavam o atleta do artista viam-se borradas, ensejando o livre trânsito entre os territórios, o fecundo entrelaçamento das identidades, a recíproca polinização das práticas[20]. O exotismo que lhe era atribuído, no entanto, provocava ao mesmo tempo muita curiosidade e certo receio. Se, de um lado, ele se desvelava uma “pessoa humana” cuja “simpatia” contagiava a todos, em contrapartida, ele se revelava um enigma cuja decifração desafiava os agentes incumbidos de zelar pela manutenção das fronteiras que circunscreviam a atividade do jogo aos limites traçados pelas ciências do esporte[21]. A imprensa, por sua vez, procurava compor um retrato do forasteiro com os dados esparsos que ela conseguia reunir a partir de uma tradução repleta de equívocos e incompreensões. “De religião ortodoxa”, arriscava a matéria do Diário de Pernambuco, Allan Cole era apresentado também como adepto do “amor livre”, pois vivia com uma mulher, possuía filho, mas não era casado. A despeito do esforço despendido naqueles contatos iniciais, ninguém lograva definir lhe com segurança o estado civil, o credo religioso e o estilo de vida:

Não fuma, não bebe, mas gosta de “dancing” e aceitaria com muito prazer exibir-se numa televisão brasileira, cantando suas músicas e tocando bateria.[22]

Ignorando as principais características da religião rastafári, cultuada na ilha do Caribe pela imensa maioria dos jamaicanos de ascendência africana, o Diário de Pernambuco não suspeitava o papel central que a Cannabis sativa desempenhava no movimento messiânico com o qual o jogador se achava identificado[23]. De fato, nas canções de reggae apreciadas pelo jogador-compositor a “erva sagrada” aflorava como objeto de louvação. Ao mesmo tempo, no panteão dos heróis afro-caribenhos, além da personagem divina de Ras Tafari, figurava o líder negro Marcus Garvey, fonte de inspiração para os comentários críticos sobre as condições de vida reservadas aos africanos da diáspora, os sofrimentos da vida no exílio ou, ainda, a brutalidade policial nos bairros de lata de Kingston. Conhecidas também como canções de Trench Town, elas se constituíam no canal de expressão para os despossuídos e na mensagem de advertência para as autoridades, pois, conforme o dito popular, “um homem com fome é um homem com raiva”[24]. Ou seja, as canções que Allan Cole poderia exibir na televisão brasileira não se reduziam ao mero entretenimento. Embaladas por uma experimentação formal que unia e reelaborava elementos extraídos do jazz, do rock e do ska, dentre outras influências musicais, elas exprimiam um conteúdo crítico em relação à questão racial, conquanto veiculado na linguagem muitas vezes alegórica empregada pelos compositores identificados com o culto rastafári. Não por acaso, a simpatia exibida por Allan Cole no trato com os repórteres esportivos vinha acompanhada de uma posição insubmissa cujos sinais mais evidentes encontravam-se na incômoda visão do “homem negro de cabeleira alta”, conforme a expressão cunhada pelo Diário de Pernambuco[25].

A reportagem do jornal, ademais, o comparava a Paulo César Lima a fim de fornecer ao leitor uma referência familiar que lhe permitisse ter uma vaga ideia da personagem pitoresca que o Náutico trouxera do Caribe. O paralelo, contudo, não tinha nada de lisonjeiro. Ao contrário, embutia uma reprovação velada ao que boa parte da imprensa classificava de conduta arrogante de uma nova geração de jogadores afro-brasileiros. O discurso de poder que começava a envolver o atacante jamaicano desvelava-se plenamente na intertextualidade formada por uma matéria sobre a passagem de Pelé pela cidade do Recife, verificada alguns meses antes da chegada de Allan Cole. Assinada pelo jornalista Júlio José, ela argumentava que “uma das provas de humildade de Pelé” residia no fato de que “o cabelo do crioulo” permanecia “hoje como era antigamente”. Ele não o havia espichado, pintado, trançado, “como fazem quase todos os da sua cor que adquirem fama, prestígio e muito dinheiro”[26].

Desse modo, o mencionado jornalista acionava as práticas divisoras que reiteravam Pelé na personagem do bom negro, sempre humilde e solícito, ao mesmo tempo em que situava na parte maldita do campo simbólico o atleta cujo comportamento se desviava da norma que o camisa dez do Santos encarnava. Os deslocamentos no interior do território demarcado pelas práticas de poder eram autorizados pelas sentinelas encarregadas de vigiar as fronteiras. As conversões do jogador-problema se mostravam particularmente apreciadas e alardeadas como exemplo possível de redenção[27]. Inversamente, os casos de extravio de quem antes se vira classificado na categoria do bom moço eram evocados como alerta para as consequências que aguardavam os que enveredavam pela estrada da transgressão. Mas, aquém dos pares antitéticos assim definidos, existia um contingente de profissionais cujo comportamento ambíguo não permitia, ainda, uma identificação precisa, um rótulo inequívoco. Dir-se-ia que eles se encontravam em estado de observação. Tal era o caso de Allan Cole.

Aparentemente um bom moço, simpático e atencioso, o atacante jamaicano exibia os sinais inquietantes de um comportamento combativo no plano das relações raciais. Eles podiam ser captados nos bairros negros de Nova York, de Kingston e do Recife. Na página nobre do Diário de Pernambuco, reservada aos editoriais e aos principais articulistas do jornal, Gilberto Freyre mostrava-se atento, e preocupado, com o advento de um novo sujeito coletivo cuja rebeldia se exprimia através da linguagem estética do corpo: “Venho, há algum tempo, sugerindo o que há de antibrasileiro em certas manifestações, entre nós, de uma mística de negritude tão contrária às nossas tendências”[28]. Rechaçando as posições consideradas simétricas e inversas da “negritude” e da “arianitude”, o autor erigia a “morenidade” no ideal normativo de uma nação que ele julgava historicamente avessa aos extremismos representados por aquelas duas vertentes. A ameaça – frisava o eminente sociólogo – estava no ar, irrompia “em programas de televisão com audácias antibrasileiras no sentido de se lançar aqui negro contra branco e de se separar negro e até mulato dos demais brasileiros”. A argumentação soava excessiva até mesmo para os intelectuais que lhe estavam mais próximos, como o próprio autor admitia, citando-os no artigo em questão: “Você parece que exagera” – replicavam os referidos amigos – a “negritude” almejava tão somente “a valorização da presença negro-africana em nossa etnia e em nossa cultura”. A ponderação não o convencia. O perigo que ele havia detectado em simples programas de televisão passava pela estratégia de se criar, no Brasil, um “poder negro” mancomunado com o poder do proletariado. Ouçamos com atenção a advertência do renomado sociólogo:

É contra uma “negritude” antibrasileira, a provavelmente animada por certo Comunismo ianque, que precisamos de estar atentos.[29]

A radicalização promovida por diversas organizações negras, nos Estados Unidos, figurava no horizonte da reflexão do pensador pernambucano. Preocupava lhe, sobretudo, a possibilidade de que se reproduzisse entre os moradores dos mocambos, no Brasil, a linha de ação traçada pelos irmãos dos guetos, nos Estados Unidos. Esta hipótese assombrava os escritos do autor a ponto de levá-lo a repetir o alerta em tom ainda mais grave. Para ele os atrevimentos dos adeptos brasileiros da negritude afiguravam-se “antinacionais e mais perigosas que certos terrorismos ingênuos e crus”[30]. As ações da esquerda armada, composta em sua maioria por jovens idealistas da classe média, não povoava de fantasmas o sono desfrutado em Santo Antonio de Apipucos. De fato, no começo dos anos setenta, pouco tempo depois de vir à baila, a guerrilha urbana encontrava-se praticamente dizimada pelo aparato repressivo[31]. O “poder negro”, em contrapartida, comportava na visão de Gilberto Freyre um risco potencialmente mais letal ao país, à medida que, sem recorrer à pirotecnia das armas, mediante a simples presença nos meios de comunicação de massa, atingia o cerne da identidade nacional, colocando em questão a fórmula consagrada da cultura mestiça, da sociedade harmônica, da democracia racial. Inconformado com a passividade das autoridades face à ameaça que enredava a nação, Gilberto Freyre voltava à lida em novo artigo, externando perplexidade face à “complacência da censura oficial”, encarregada de zelar pelo conteúdo veiculado nas “televisões”, ao “permitir, cada vez mais, programas antibrasileiros”, estrelados por “gente de cor vinda do estrangeiro ou com evidentes conexões afro ianques”, os quais, de “maneira insidiosa”, buscam “criar, entre nós, discriminação”, ou, pior ainda, a “separação entre brasileiros”[32].

Ou seja, Gilberto Freyre reivindicava nada mais, nada menos, do que a intervenção da censura oficial nos meios de comunicação de massa com o objetivo de suprimir da audiência os conteúdos e personagens identificados ao movimento negro nos Estados Unidos. Não sabemos se Allan Cole esteve em algum programa de televisão, tampouco, se, nesta hipótese, o autor de Casa Grande & Senzala se deparara com a figura do “homem negro de cabeleira alta”. Talvez a menção à “gente de cor vinda do estrangeiro”, utilizada no artigo, não estivesse diretamente endereçada ao jogador-compositor. De qualquer forma, não resta dúvida de que ela concernia ao atleta rastafári, cujo estilo Black Power prenunciava a mudança em curso no campo das relações raciais. Com efeito, a primeira contenda envolvendo a direção do Náutico e a autonomia do jogador dar-se-ia ainda em solo jamaicano. De acordo com o Diário de Pernambuco, Allan Cole teria sido obrigado a “cortar metade de sua vasta cabeleira” para “chegar aqui”, informação, no entanto, logo desmentida por ele ao desembarcar em Recife, conforme nos permite inferir o seguinte trecho da reportagem veiculada pelo jornal:    

Com uma vasta cabeleira estilo “Black Power”, Allan Cole não gostaria de desfazer-se dela. Revelou mesmo que se fosse obrigado a cortá-la preferia voltar para a Jamaica.[33]

Divisando os riscos potenciais da queda de braço que se desenhava entre o jovem atacante e a direção do clube, Nelson Lucena interveio com uma declaração que soava, a princípio, como uma profissão de fé no direito ao livro arbítrio. Atentemos para as palavras retóricas do treinador do Náutico, clichê repetido sem alterações por todos os agentes da normalização no futebol brasileiro até os dias de hoje:

Ele pode jogar com a cabeleira, usar roupas extravagantes etc. Jogando futebol bem e servindo ao clube, é o que me interessa. A vida particular do atleta só me interessa até o momento em que venha a prejudicar o clube.[34]

A pergunta pertinente pode ser enunciada nos seguintes termos: qual é exatamente o momento a partir do qual a vida privada do atleta profissional começa a colocar em risco os interesses do clube? Tendo em vista o avanço do processo de medicalização da existência, a resposta não comporta dúvida. O investimento político sobre o corpo submetia cada vez mais o jogador a uma disciplina extensiva que atravessava e colonizava quase todas as esferas da vida, concedendo-lhe uma estreita margem de ação tática em defesa do direito de se auto constituir como sujeito autônomo. No caso específico de Allan Cole, a exigência que lhe era imposta de se adequar no plano estético ao modelo vigente do jogador-soldado esbarrava no fato de o dreadlock representar a “marca distintiva” do movimento religioso ao qual ele se achava ligado. Esta pertença, por sua vez, representava uma ameaça potencial ao funcionamento dos aparelhos de produção dos clubes, à medida que deixava divisar a interpenetração das práticas culturais envolvendo o futebol-arte, a música reggae e o culto rastafári, contracultura dos gramados, situada, sem dúvida, nos antípodas do modelo que começava a se tornar hegemônico no país, o qual postulava o vínculo natural, evidente e inquestionável entre o futebol-força, as ciências do esporte e o corpo máquina.

Todavia, os nexos surpreendentes estabelecidos na ilha do Caribe nos mostra mais uma vez que o futebol combinava diversos elementos simbólicos, utilizava vários suportes religiosos, interagia com inúmeras expressões artísticas tendo em vista ampliar e aprofundar os jogos de liberdade que ele comportava, readquirindo autonomia face às forças sociais, políticas e culturais que o invadiam e moldavam na direção dos processos de racionalização dos esquemas táticos; dos avanços da medicalização dos corpos e dos mecanismos de normalização das almas[35]. Sendo assim, devemos agora voltar à trajetória do jogador-compositor, retomando-a a partir do ponto em que a havíamos deixado.

A delegação do alvirrubro regressara da excursão internacional na segunda-feira, 22 de novembro. Sem muito tempo para se recuperarem do périplo pelo Caribe, já no dia seguinte os atletas foram a campo realizar o primeiro treino para a partida amistosa contra o Sport. No coletivo programado para a quinta-feira, os titulares, não obstante o gol assinalado por Allan Cole, foram surpreendidos pelos reservas que os derrotaram pelo placar de 3 a 2. À medida que se aproximava a data da partida, aumentava a expectativa em torno da apresentação do atacante jamaicano. No sábado, por volta das 21 horas, o elenco foi concentrado no casarão da Rua Santo Elias. Em sua edição de domingo, o Diário de Pernambuco estampava na primeira página a foto de Allan Cole, apresentando-o como a “grande atração” de um clássico que opunha, de um lado, os “jovens dos Aflitos”, e, do outro lado, “os veteranos da Ilha”. Entre os dois times, porém, mais do que um simples conflito de gerações, havia uma tradicional rivalidade, condimentada, desta feita, por um tempero exótico que lhe conferia um sabor especial[36]. Sendo assim, não admira que o jogo tenha se desenrolado em alta tensão, com jogadas ríspidas e divididas violentas, como se um título inédito estivesse em disputa. Para arrebatá-lo os jogadores de ambas as equipes se mostravam dispostos a tudo, inclusive, a “transformar o amistoso numa guerra”. Foi, portanto, em um clima ao mesmo tempo festivo e belicoso que Allan Cole realizaria o jogo-teste pelo Náutico. E ele não decepcionaria os quase dez mil torcedores que acorreram ao Estádio dos Aflitos para prestigiá-lo.

Allan Cole no Náutico.

Logo aos treze minutos do primeiro tempo, aproveitando um lançamento da direita, o atacante jamaicano dominou a bola no peito, livrou-se do zagueiro e arremessou na entrada da área contra as redes do goleiro Tobias. A abertura da contagem tornava ainda mais apimentado o clássico. De fato, logo na sequência o lateral Chiquinho, do Sport, recebia o cartão vermelho, depois de levar ao chão o ponteiro Eloi, enquanto, pelo Náutico, o zagueiro Ubirajara abusava das “jogadas violentas”[37]. Ao mesmo tempo em que designava a performance corporal que o caracterizava aos olhos do mundo com o nome de uma rainha africana, deixando entrever uma identidade futebolística associada ao universo feminino, o jogo no Brasil também se distinguia pelo culto da virilidade. Admirador confesso da ginga, talvez Allan Cole não esperasse encontrar no futebol-arte um grau tão elevado de violência dentro das quatro linhas. Intimidado, ao que tudo indica, pelos zagueiros rubro-negros, no segundo tempo, o jamaicano quase não pegaria mais na bola, permanecendo “esquecido” na ponta esquerda do ataque alvirrubro.

Lenivaldo Aragão, repórter de o Diário de Pernambuco, acompanhava os jogos ao lado dos bancos de reservas, revezando-se na cobertura entre os dois times. Quando esteve ao lado do Sport, pode captar os comentários sarcásticos dos adversários a respeito do jogador estrangeiro, chamado por eles de “Pelé da Jamaica”. A observação que nos interessa reter, no entanto, não continha qualquer ar de deboche. Uma disputa de bola envolvendo o atacante do Náutico e o defensor do Sport provocara o seguinte comentário nas hostes do rubro-negro: “Ele não dá combate”[38]. Proferida por um integrante do banco de reservas do Leão da Ilha, o comentário sucinto não despertara no momento muita atenção, perdendo-se na profusão de imagens produzidas pelo clássico. Todavia, conforme veremos adiante, ele apreendia com argúcia um traço do estilo de Allan Cole que viria a se constituir, no futuro, em seu calcanhar de Aquiles. Mas não nos adiantemos.

Voltemos ao clássico para encerrar-lhe a narrativa. Com a vantagem no placar, atuando em “casa” e com um jogador a mais, a partida se achava desenhada à feição para o Náutico. Todavia, contrariando as expectativas criadas com o gol de Allan Cole, os alvirrubros se mostraram incapazes de aproveitar a superioridade numérica para consolidar o resultado. De fato, no segundo tempo, quando a peleja parecia se encaminhar para a vitória dos timbus, os leões encontraram a oportunidade desejada numa falta cobrada por Vanderlei, verdadeira “tijolada” que abriu um buraco na barreira e foi parar no fundo das redes. Um gol “bobo danado”, na expressão de Nelson Lucena. A despeito do empate, o treinador do Náutico comemorava o resultado e reiterava a aposta no atacante jamaicano. Ele “sabe jogar”, declarava à imprensa, acrescentando que lhe faltava apenas um “melhor entrosamento” com os companheiros. O Diário de Pernambuco, por sua vez, corroborava as declarações, avaliando em termos favoráveis a estreia de Allan Cole:

Não foi nenhum assombro – e só quem não entende nada de futebol poderia esperar outra coisa de um atleta da Jamaica. Também não decepcionou como muitos desejavam. Deu a impressão de que será útil aos timbus.[39]

Trocando em miúdos, Allan Cole passara no jogo-teste, bastava acertar o valor do contrato para assegurar a sua permanência. E foi neste ponto que surgiram as dificuldades. O atleta considerava “irrisório” a proposta do clube, e o clube, por sua vez, julgava “absurdo” o pedido do atleta. O Náutico oferecia duzentos dólares mensais enquanto o jogador reivindicava o dobro, ou, na moeda nacional, oito mil cruzeiros[40]. Os times do Recife enfrentavam à época imensas dificuldades financeiras, recorrendo com frequência aos empréstimos bancários para pagar os salários atrasados do elenco, prática corriqueira que os dirigentes buscavam eliminar, estabelecendo um teto salarial em torno de quatro mil cruzeiros, isto é, a metade do vencimento postulado pela estrela do Caribe.

Sendo assim, não houve acordo! Depois de toda a divulgação que envolvera Allan Cole, restava, agora, tão somente a frustração de uma partida imprevista. Na terça-feira, durante a reapresentação do elenco no Estádio dos Aflitos, dirigentes e jogadores lamentavam a perda do forasteiro, admitindo que ele lhes conquistara a “estima e consideração”, enquanto o jovem atacante, cercado por “garotos e torcedores”, afirmava que iria “sentir saudades de todos”[41]. Na quarta-feira, 1 de dezembro, ele embarcava de volta à Jamaica. O Diário de Pernambuco, mais uma vez, estampava a foto do jamaicano na primeira página, acompanhada da legenda: “Lembrança de Allan Cole permanecerá nos Aflitos”.

O feitiço do campo, porém, havia enlaçado o atleta rastafári, a direção do clube e a torcida alvirrubra. O sentimento que os conectava exigia um desenlace diferente para uma histórica interrompida de forma abrupta, malgrado o desejo de todos para que ela prosseguisse com novos capítulos que se pressagiavam de muito sucesso para todos os envolvidos. Na praia da Piedade, no dia de Nossa Senhora da Conceição, pouco depois da despedida de Allan Cole, as oferendas para Iemanjá foram lançadas ao mar, levando os pedidos dos fiéis, muitos dos quais, certamente, torcedores do Clube Capibaribe[42]. De alguma forma que somente Exu, “o orixá mensageiro entre os homens e os deuses”, poderia explicar, as preces foram atendidas[43].


[1] Cf. “Náutico, ex-terror do Nordeste, hoje só joga peladas”, revista Placar, nº 47, 5 de fevereiro de 1971.

[2] Cf. “Lucena é o técnico do Náutico”, Diário de Pernambuco, 31 de agosto de 1971. Antes de assumir o alvirrubro, ele dirigira o Ferroviário.

[3] De acordo com o Diário de Pernambuco, o Náutico enfrentara por duas vezes a Seleção da Jamaica. Cf. “Náutico já tem time-base após a excursão”, 24 de novembro de 1971. Mas segundo The Gleaner, Allan Cole atuara pelo “Real Mona, também conhecido por Boys`Town. Cf. “Allan ´Skill`Cole a legend in his time”, 9 de outubro de 2010.

[4] Cf. “Náutico já tem time-base após a excursão”, Diário de Pernambuco, 24 de novembro de 1971.

[5] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[6] Cf. “Santos retido em Bogotá volta hoje”, A Tribuna, 19 de julho de 1968. Para manter a aparência de respeito às regras do jogo, a autoridade esportiva, sob a alegação de que se encontrava “ferido numa das vistas”, foi substituído por um novo árbitro. O episódio teve lugar no estádio El Campin.

[7] Cf. “Náutico já tem time-base após a excursão”, Diário de Pernambuco, 24 de novembro de 1971.

[8] Cf. “Náutico já tem time-base após a excursão”, Diário de Pernambuco, 24 de novembro de 1971.

[9] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[10] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[11] Albuquerque, Carlos (1997) O eterno verão do reggae. São Paulo, Editora 34.

[12] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[13] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[14] Sobre as “matrizes futebolísticas”, ver Damo, Arlei (2007) Do dom à profissão: a formação de futebolistas no Brasil e na França. São Paulo, HUCITEC/ANPOCS, p.39.

[15] Cf. “Paulo César vai continuar bagunçando dentro e fora de campo”, revista Placar, nº 59, 30 de abril de 1971.

[16] Cf. “Joel cansou e o Paris-SG. Perdeu”, revista Placar, nº 96, 14 de janeiro de 1972.

[17] Cf. “´Fizeram maldada com o Ademir`”, revista Placar, nº 137, 27 de outubro de 1972.

[18] Cf. “Nelson Lucena assume o comando timbu assegurando trabalho e renovação”, Diário de Pernambuco, 1 de setembro de 1971.

[19] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[20] Sobre a expressão “utopia lúdica”, ver Wisnik, José Miguel (2008) Veneno remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo, Companhia das Letras.

[21] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[22] Cf. “Náutico já tem time-base após a excursão”, Diário de Pernambuco, 24 de novembro de 1971.

[23] Cf. “Nos estados os jogadores também mudam sua imagem”, Jornal do Brasil, 23 de julho de 1972. Cf. Barrett, Leonard E. (1997) The Rastafarians. Boston, Massachusetts, Beacon Press, p.128.

[24] Leonard Barrett, op. cit., p.197.

[25] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[26] Cf. “Pelé fala de muitas coisas e tem muita fé na turma jovem do Santos”, Diário de Pernambuco, 18 de agosto de 1971.

[27] Sobre a construção do jogador-problema, ver Florenzano, José Paulo (1998) A rebeldia no futebol brasileiro: Afonsinho & Edmundo. São Paulo, Musa Editora.

[28] Cf. “A propósito de negritude”, Gilberto Freyre, Diário de Pernambuco, 19 de março 1972.

[29] Cf. “A propósito de negritude”, Gilberto Freyre, Diário de Pernambuco, 19 de março 1972.

[30] Cf. “A propósito de negritude”, Gilberto Freyre, Diário de Pernambuco, 19 de março 1972.

[31] Veja-se, por exemplo, as notícias veiculadas no Diário de Pernambuco à época da chegada de Alan Cole: “Líder do terror morreu na Casa de Detenção”, do Recife, 24 de agosto de 1971; “Terroristas podem ser presos ainda hoje”, na região da Serra do Araripe, 31 de agosto de 1971; “Morte do ex-capitão foi golpe para terrorismo”, Carlos Lamarca, 21 de setembro de 1971; “Justiça do Exército condena 8 terroristas”, 27 de novembro de 1971.

[32] Cf. “Ainda a propósito de negritude”, Gilberto Freyre, Diário de Pernambuco, 2 de abril de 1972.

[33] Cf. “Náutico já tem time-base após a excursão”, Diário de Pernambuco, 24 de novembro de 1971.

[34] Cf. “Allan é o atacante original que o Náutico tem para sua equipe”, Diário de Pernambuco, 26 de novembro de 1971.

[35] Cf. Foucault, Michel (1987) Vigiar e punir: nascimento da prisão. 10º ed. Petrópolis, RJ. Vozes e (1988) História da sexualidade I. A vontade de saber. 12º ed. Petrópolis, RJ, Graal.

[36] Cf. “Clássico agradou aos torcedores”, Diário de Pernambuco, 30 de novembro de 1972.

[37] Cf. “Para Iroldo Malta má arbitragem prejudicou o brilho do clássico”, Diário de Pernambuco, 30 de novembro de 1971.

[38] Cf. “No pé da conversa”, coluna de Lenivaldo Aragão, Diário de Pernambuco, 30 de novembro de 1971.

[39] Cf. “Clássico agradou aos torcedores”, Diário de Pernambuco, 30 de novembro de 1971.

[40] Cf. “Allan pede fora do padrão timbu e retorna”, Diário de Pernambuco, 1 de dezembro de 1971. Sobre a crise financeira do futebol local, no início dos anos setenta, ver também “Pernambuco não tem dinheiro, técnico nem o que fazer”, revista Placar, nº 44, 15 de janeiro de 1971.

[41] Cf. “Allan pede fora do padrão timbu e retorna”, Diário de Pernambuco, 1 de dezembro de 1971.

[42] Cf. “Terreiros festejam Iemanjá”, Diário de Pernambuco, 10 de dezembro de 1971.

[43] Cf. Silva, Vagner Gonçalves da (2005) Candomblé e Umbanda: caminhos da devoção brasileira. 2º ed. São Paulo, Selo Negro, p.70.

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José Paulo Florenzano

Possui graduação em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1994), mestrado em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, da PUC-SP (1997), doutorado em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, da PUC-SP (2003), e pós-doutorado em Antropologia pelo Programa de Pós-Doutorado do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (2012). Atualmente é coordenador do curso de Ciências Sociais e professor do departamento de antropologia da PUC-SP, membro do Conselho Consultivo, do Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB), do Museu do Futebol, em São Paulo, membro do Conselho Editorial das Edições Ludens, do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre o Futebol e Modalidades Lúdicas, da Universidade de São Paulo, e participa do Grupo de Estudos de Práticas Culturais Contemporâneas (GEPRACC), do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP. Tem experiência na área de Ciências Sociais, com ênfase em Antropologia Urbana, Sociologia do Esporte e História Política do Futebol, campo interdisciplinar no qual analisa a trajetória dos jogadores rebeldes, o desenvolvimento das práticas de liberdade, a significação cultural dos times da diáspora.

Como citar

FLORENZANO, José Paulo. O atleta de Jah. Ludopédio, São Paulo, v. 116, n. 14, 2019.
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