Essa publicação é a estreia da coluna do Camisa 012, que é organizado por amigos que ingressaram na Faculdade de Educação Física da UNICAMP em 2012 e que se aproximaram devido a sua paixão pelo futebol. Comentamos, cada um com seu clube do coração, sobre os nossos sentimentos sobre as equipes e o futebol. Buscamos sempre unir a paixão e o clubismo com o estudo sobre esporte que temos devido a nossas áreas de trabalho e formação universitária. Pensando nessa lógica, abrimos a coluna com um texto sobre a atual troca de treinadores do São Paulo.



Na última quinta-feira, 26, o São Paulo perdeu seu segundo técnico no ano. Argumentando que seu estilo não combinou com o da equipe, Cuca pediu demissão do cargo. Sua saída se dá de maneira formal e demonstra uma boa relação com a diretoria, e podemos até dizer que com a torcida também.

Até porque ninguém se surpreendeu. Mesmo o torcedor mais clubista sabe que ele não mostrou o futebol que era esperado dele. O choque não é a saída do treinador em tão pouco tempo, e sim a constatação de que esses trabalhos que deram certo anteriormente não dão certo mais.

O futebol muda muito mais rápido que o treinador. O Cuca que não teve sucesso em 2004 não vai voltar 15 anos depois e ser a solução de todos os problemas. Ele teria que se renovar drasticamente, buscando coisas diferentes de seu estilo, e nós sabíamos que não era isso que viria.

Cuca reclama durante jogo entre São Paulo e Santos, válido pelo Campeonato Brasileiro de 2019. Foto: Mauro Horita/ALLSPORTS.

Após o episódio, e em grande velocidade, o São Paulo anunciou Fernando Diniz, técnico que ganhou fama com seu estilo de jogo diferente por querer sempre ter a bola, a partir do Audax em 2016. Apesar de não ter tido boas passagens depois disso, vem como a melhor opção disponível, sendo sustentada pela expectativa de mudança. Concomitantemente, o elenco do São Paulo está recheado de bons jogadores que têm qualidade para jogar esse estilo com grande sucesso.

Diniz tem um estilo de jogo complexo, e seu entendimento leva tempo. Será que a torcida e a diretoria serão capazes de dar esse tempo? Diniz sabe da importância da Libertadores para o são-paulino e que esse trabalho deve ser entregue. Será que está tranquilo com essa meta, ou já está se sentindo desconfortável por ter que acelerar seu processo?

Logo em sua estreia, não foi mostrada essa calma. O time de Diniz fez um jogo completamente fora do seu estilo e arrancou um empate no Maracanã contra o time mais badalado do país. Talvez por ser o Flamengo, talvez por não ter tempo, mas não é o estilo que esperamos após seu anúncio.

O novo treinador assume o time em queda livre na tabela e em uma época com dois jogos por semana. Terá uma semana de treino agora, até enfrentar o Fortaleza sábado e depois terá outra só no meio de novembro, na 32ª rodada do campeonato. É uma das situações mais difíceis para qualquer treinador, ainda mais para Diniz, que tem que mudar todo um estilo de um time.

Como torcedores que buscam ser conscientes, podemos dizer que esperamos que não importando o resultado desse segundo turno, a diretoria mantenha o treinador para a próxima temporada, e aí dê-se o tempo necessário para ele trabalhar do jeito que bem entender. Entretanto, sabemos que consciência não tem sido o forte dessa diretoria na década.

Mas pensamos também que o time é muito bom, e que arrancar uma vaga pra Libertadores na marra não me parece uma tarefa muito difícil. Diniz tem uma característica forte de conseguir tirar o melhor de cada jogador, muito por sua formação em Psicologia, e devemos esperar isso ainda durante esse campeonato.

A verdade é que o são-paulino já está acostumado a ter esperança no meio da bagunça que está o time, colocando de lado os problemas e torcendo para tudo ser resolvido na bola. Então, aqui estamos nós novamente! Que a bola esteja do lado de Diniz nesse começo turbulento que ele terá no time.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Vitor Freire

Mestre em Educação Física na FEF-UNICAMP, amante de Esportes, são Paulino desde sempre.@vitordfreire@camisa012

Lucas do Carmo Santos

Formado em educação física, professor de ensino médio e são paulino.

Como citar

FREIRE, Vitor; SANTOS, Lucas do Carmo. A culpa não é do Cuca. Ludopédio, São Paulo, v. 124, n. 2, 2019.
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